14/03/10

{um ano, depois}
Foi diante do mar, mas isso já é indiscutível. Uma mão aberta estendida por um tronco, e os olhos que se esquivavam por entre a escuridão daquela noite que chamava o dia. Só o que se partilhou, cresceu. Nada de mais próximo, nada de mais distante do que duas almas que se amam. Destrói a tua casa e constrói um barco, digo-te. Anda por aí, tudo é infalível ao teu esquema de te arrastares por entre corações apertados. Não vale de nada virar-te as costas, quando ainda tens um lugar bem grande a devastar as paredes de branco, a tua cadeira reservada para ti, o teu cigarro de que tanto gostas à tua espera, e a tua bebida habitual. A música vem de longe, e serve de um silêncio entre as duas vozes que nunca se calam e que ouvem a melodia e a sintonia do encontro daquela letra, daquela rima, sem conta, ouve-se uma e outra vez e só te cansas dela quando o vosso momento já estiver como um antepassado fechado numa gaveta. É curioso não é ? As coisas são como são e entre elas o vazio que as une. Tens agora o que sempre quiseste. Só por ti o mundo todo ganhava forma e a tua beleza era uma comparência divina, um génio inquebrável, e que me forçava a viver perante o sol que caía para as noites maravilhosamente longas que duravam: um só nosso abraço. Três penas postas em areia molhada, era um desejo antigo. Não olhar, não falar, não explicar, não pretender saber nada. De todas as histórias possíveis que já imaginei esta faz o tempo ser uma correria devastado por multidões ausentes dos sorrisos, imobilizadas e paradas á espera de o certo instante de cada uma delas. Das saudades que se assemelham sempre a um vago e a um lúcido episódio, o melhor deles é: o teu sentimento escondido a chamar por mim e o adeus destemido e pouco desejado. Por muito que digas, que faças, que jures, que prometas, que esqueças, vais sentir aí na pele, no toque dos teus braços uma lembrança minha, já estivemos, já quisemos, já passámos por isso. É verdade. Uma breve brisa alerta, que estão a chamar por nós.
Aprecia e admira esses tempos em que cobrias a luz para memorizarmos aquelas pequenas mas grandes noites, em que cobrias as tuas mãos no meu rosto;

1 comentário:

  1. é mesmo um ano depois? parece q sentes tudo tão vivo ainda, e tão perto. está tudo tão carregado de tanta magia, meu deus. estou encantada*

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