14/07/10

Passo aqui a maior parte do tempo a escrever. Ás vezes preferia que isto fosse lido só por pessoas que não me conhecem, preferia poder falar em demasia sem pensar que hoje pode vir aqui alguém ler isto e entrar no meu interior, preferia saber que isto é mais do que uma coisa pessoal e não de alguns.
Ultimamente, tenho sentido necessidade de transportar, trazer para aqui não tudo mas um acrescente do terror da respiração que contenho atrás dos olhos. Carregadinhos de água para levar fora num passar de palma de mão e acabou aqui, por uns minutos. Pois, não é assim. Ao menos não era até à bocado. Disse, com muita força junta e muita promessa feita que não ia haver deslizes. E como sempre, falhei e não resultou. E o mais frustante é o quê ? É, talvez não poder desabafar sobre nada a sério com ninguém, porque não é capaz de existir uma única pessoa com quem eu possa ir ter de fuga num momento destes e abraçá-la. (Já houve), não há. É verdade que sempre me bastou contar comigo mesma e que isso me era o suficiente.. até ao dia! Até ao dia, em que a acumulação de várias coisas é tão grande, que enche. Não, eu não preciso de um
vai ficar tudo bem, de uma palmadinha nas costas num dia e no outro já está esquecido, de uma mensagem a dizer que isto vai passar ou tudo passa. Não preciso disso, mais não. E eu tenho por hábito deixar cair no esquecimento o medo que me entra no corpo sempre que dou mais um passo e vejo os dias a passar como se tudo acelerasse. Parece que é do instinto.
Bora lá a mais uma cara bem disposta ou até nem por isso, mas que aparentemente está bem ? Vamos.
Esta pergunta, é sem dúvida a que eu mais me tenho feito quando acordo, o mal é quando me deito. (Tipo, agora). Parece que a noite traz mais recordação e é quando as luzes do quarto se apagam, quando já não posso adormecer sem querer, como dantes, agora custa a pegar no sono. (Sem ti.) Aleija saber que se perdem pessoas, não todos os dias, mas tão facilmente, e alguém que nos completava. Ou o pior, ainda é elas nos desprezarem ou dizerem-nos coisas que chegam a ser insuportáveis de lidar e aceitar ? Não sei, mas eu sinto-as.
Gostava mesmo que as coisas fossem diferentes, nem todas, mas algumas. E se eu pudesse mudar alguma delas, a primeira que eu mudava era estar no lugar de uma das pessoas que me trouxe a este mundo. Essa sim, merece as minhas lágrimas, o meu desconforto, merece tudo de bom que eu tenho e guardo para poucos (Contam-se pelos dedos). Mas por aí, fico-me interdita. Ainda, vou tendo outras coisas pendentes para expulsar, mas como não é do meu feitio dar primeiros passos em nada, a minha espera é grande e essa eu vingo-me pela transparência e nada há-de ser ultrapassado sem vontade e dessa estou eu a transbordar. Toda eu. Não, eu não sou nenhum anjo, longe disso! Nem fui feita para agradar..tanto que pouco o faço a quem não me é nada e mesmo àqueles que me são, muitas vezes consigo ser uma pessoa exageradamente fria e distante. E eles sabem disso. Só que.. precisava de muita coisa. Não sei do quê. Mas, sinto-me sufocada e sem saída.
E isto não é para dramas, nem é um texto lamechas de fazer tocar no coração, não, não quero que o seja. Mas, é o que eu consigo sentir agora, é o que sai na hora e é estampado aqui. E acabo isto de olho seco, ao contrário do começo, o que já não é mau.
Valeu bem a pena esta descarga emocional. Já passam das 2h da manhã e apela-se ao descanso. E não quero pensar no dia que é hoje, não quero! 8 meses ? Já ? Até amanha.

10 comentários:

  1. estou no msm patamar q tu, exactamente como escreveste aí. é normal no fim de ler isto acabar com soluços e a cara molhada... n sei, se calhar sou eu q ando sensível.
    "Aleija saber que se perdem pessoas, não todos os dias, mas tão facilmente, e alguém que nos completava. Ou o pior, ainda é elas nos desprezarem ou dizerem-nos coisas que chegam a ser insuportáveis de lidar e aceitar ? Não sei, mas eu sinto-as" tal e qual sara! sem tirar nem pôr

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  2. Anónimo14.7.10

    é melhor não pensares então !

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  3. obrigada.
    confesso que também já fui assim, até ao dia (como dizes).
    e adoro ler o teu blog. é diferente, é sincero *

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  4. ás vezes nem se pára para pensar. pensar iria doer. o pior é quando já esgotámos todos os entreténs :|

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  5. Se eu te disse-se que identifico-me tanto com este texto acreditarias ?
    A disulsão doí tanto, mas "magoa" mesmo quando estamos sozinhas a pensar no que poderia-mos ter feito ou noutros casos o que a outra pessoa poderia ter feito.
    E simplesmente não passa, apesar de passar-mos os dias a tentar esconder, à noite tudo vem ao de cima :S

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  6. de nada.
    Se precisares de alguma coisa, sabes onde estou.
    Sim um dia acaba por sarar ;)

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  7. de nada.
    se precisares de alguma coisa, sabes onde me encontrar .
    Sim um dia acaba por sarar ;)

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  8. Wow. Adorei, está forte e emotivo!
    "Carregadinhos de água para levar fora num passar de palma de mão e acabou aqui, por uns minutos." melhor frase.
    Nas entrelinhas identifico-me com este texto. A mim, foi um ano e oito meses sob essas noites de pura exaustão. Compreendo-te nitidamente.
    Continua a desabafar aqui, nós gostamos e faz-te bem ;D

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  9. Dá-me um prazer especial ler os teus textos. :)

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  10. Gostei, deste texto, particularmente. E este é o teu espaço, é só teu, onde escreves as tuas palavras. A escrita faz milagres à alma!

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